Já passou muito tempo desde o meu ultimo post.
De lá para cá fiquei sem emprego e deixei de estar o dia inteiro em frente ao computador e o meu entusiasmo em geral sofreu algumas alterações. Provavelmente não vão querer ler a história toda, é capaz de ser um bocado aborrecida. Portanto vou-me cingir ás partes boas.
Fotografei um casamento e não foi nada fácil. Comprei um bom flash (SB 700) que foi absolutamente necessário para esse dia. Comprei uma lente macro! A mais barata de todas as Nikon, é certo, mas é uma lente espetacular: a 40mm Macro.
Depois disso comprei a Plastic lens da Lensbaby, que só ontem usei a sério.
foto: Lensbaby Plastic Optic + creative aperture (tipo estrela com muitas pontas feita por mim); a Jé na praia em contraluz.
Lutei e desesperei por bons resultados em termos de cor, principalmente tons de pele, porque o que gosto mesmo na fotografia é de retrato e um retrato com tons de pele magenta ou laranja esverdeado soa-me a pouco profissional e um tanto ou quanto deprimente.
O meu computador esteve avariado e levou um monitor novo.
Usei pela primeira vez um MacBook Pro para editar fotos (emprestado) e detestei o resultado.
Tentei calibrar-lhe o monitor com o meu Spyder3 express mas não consegui. Acho que é porque eles utilizam um tipo de iluminação no monitor completamente diferente, por Leds, ao contrário dos portáteis normais. Os tons de pele pareciam bons e quando passei as imagens para o meu computador, estavam demasiado magenta. Horriveis.
Encontrei uma loja online que imprime fotos (em Portugal) que oferece o perfil da impressora (e papel) para podermos aplicar ás fotos antes de mandar imprimir. Os resultados não foram excelentes nem horriveis. Ainda não cheguei lá.
E encontrei a resposta ao meu dilema da cor no Lightroom: os perfis de cor com o ColorChecker, mas construidos de uma forma diferente. O Lightroom automatizou este processo, mas os resultados para mim, sempre foram insuficientes. Então, depois de pesquisas e testes, consegui.
Na imagem podemos ver as diferenças entre os perfis: Adobe Standard (para mim um pouco insipido e previligiando em demasia os vermelhos); perfil gerado pelo Lightroom com o ColorChecker Passport (tons de pele e sombras demasiado esverdeados e pouco reais) e perfil criativo, gerado e corrigido com o ColorChecker Passport e Adobe DNG Profile editor (tons de pele mais rosados que o perfil básico e mais vibrantes que os do Adobe Standard, mantendo todos os outros tons calibrados e corrigidos).
Atenção que as imagens foram captadas (esta e a do ColorChecker) com uma Nikon D5000 e o sistema Composer da Lensbaby + plastic optic. (Para captar a imagem do ColorChecker correcta de uma Lensbaby para fazer um perfil deve-se manter o ISO normal (entre 100 e 400, diria eu) e o diafragma relativamente fechado (eu uso f/11) para aumentar o que eles chamam de "Sweet Spot" e manter o ColorChecker relativamente bem focado. Eu uso WB daylight na máquina e ajusto depois no Lightroom com a pipeta.
O cabelo da minha filha nas fotos nunca se parecia verdadeiramente com o dela e no fundo eu gostava da forma como o perfil da Adobe o representava, mas tudo o resto deixava também de ser realista. Com este processo mantenho todos os tons realistas.
O meu processo baseia-se em captar uma foto do ColorChecker Passport (cada lente tem de ter o seu perfil, ou seja este processo para cada lente, pois cada uma tem as suas alterações de cor), fazer o balanço de brancos neutro no Lightroom, exportar o ficheiro para DNG.
Depois abre-se o
Adobe DNG Profile Editor (faz-se o download do Software, claro).
Abre-se a imagem (que se exportou) em File > Open DNG Image.
Confirmar se o "Base Profile" é o Adobe Standard.
Clicar no separador "Chart"
Posicionar os 4 pontos coloridos em cima dos correspondentes da imagem do ColorChecker
(Atenção: estes passos estão claramente descritos no site da Adobe)
Clicar em Create Color Table (Mantendo a opção: "Both color tables" activada)
O perfil basico é gerado.
O que eu altero depois são os tons de pele e por vezes os verdes. Eu acho que os verdes ficam demasiado amarelados e saturados e os tons de pele também. Os tons de pele são os dois pontinhos dentro do circulo vermelho. Os verdes são os 3 acima á esquerda.
Para os tons de pele eu clico num dos dois e arrasto-o um ou dois milimetros (mais ou menos) na direcção do laranja e um pouco mais para o centro do circulo, o facto de arrastar mais para o centro do circulo faz com que o tom fique um pouco menos saturado (talvez entre 2 a 5 pontos de saturação a menos). Depois faço o mesmo com o outro ponto.
Os verdes arrasto-os em direcção aos azuis e também um pouco para o centro.
Desta forma obtenho aquilo que pretendo logo com o perfil e mantenho todas as outras cores correctas: os azuis, os roxos, os vermelhos... nesses tons não vejo grandes problemas ou diferenças por isso opto por mantê-los.
Salva-se o perfil de cor em File > Export Profile.
O Lightroom precisa de ser iniciado para este perfil ser activado.
Não vejo grande necessidade de fazer um perfil para Sombra ou Nublado, porque não vi grandes diferenças nos meus testes e não há necessidade de ter um separador cheio com tantos perfis que não encontramos o que queremos.
Acho que isso pode ser ajustado apenas com o balanço de brancos no Lightroom depois de ter um bom perfil como ponto de partida.
Esta questão da cor tem sido uma das grandes causas da minha frustração e desde que começei a entender um pouco mais da coisa, tenho sempre tentado novos métodos, tecnicas, equipamentos, tudo o que está ao meu alcance. O que não está é porque é demasiado caro para mim, mas muitas das vezes equipamento caro não significa necessáriamente bom. Muitas das vezes pagamos muito por coisas que cedo se revelam um tanto ou quanto inuteis, outras vezes têm de ser utilizadas com muita destreza. Não há nada como conhecermos o nosso equipamento, as suas capacidades e limitações. Só assim podemos de alguma forma evoluir e não ficar preso aos mesmos principios, regras, padrões.
A fotografia é um tema muito abrangente e pode ser interpretada de demasiadas formas, tanto pelo observador como pelo fotógrafo. Pode ser uma arte ou um acto apenas impulsivo. Pode ser um trabalho pensado ou algo livre sem regras nem normas. Ou um tanto dos dois. Pode ser tanta coisa. Não vale a pena "sobrepensar" o assunto. A fotografia é o que é para cada um. No fim do dia tudo se resume ao mesmo sentimento. Ou se gosta, ou não.